quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O SINDROMA PÓS-TRAUMÁTICO


Estou a tentar responder a um e-mail que recebi ontem e cuja essência vou transcrever a seguir:

“vi no telejornal um psiquiatra especialista em sindromas pós-traumáticos, como os da nossa guerra colonial, dizer que existe um medicamento novo que faz desaparecer ou reduzir as memórias traumáticas da guerra. O que me diz a isto como psicoterapeuta que é e que até tem alguns livros sobre temas semelhantes?”

A resposta que lhe posso dar é muito simples e até está contida na psicoterapia com o Januário no livro: Psicoterapia Para Quê? Este assunto ficará mais explícito em futuros livros prontos para publicação. De qualquer modo, os livros: E Quando o Rei Vai Nú e Depressão Não é Uma Doença e outros, de Carlos Lopes Pires, sobre o efeito das drogas nos consumidores, são importantes para compreendermos este fenómeno. Além disso, o modo como os traumatismos se formam também é abordado em Saúde Mental sem psicopatologia.
Que eu saiba, não existe qualquer comprimido que possa seleccionar uma memória para a tentar reduzir ou eliminar. Portanto, quando um comprimido actua sobre a memória actua sobre o seu conjunto do mesmo modo como o álcool actua sobre a inibição ou sobre a capacidade de excitação do sujeito. O que acontece «normalmente» a esse sujeito, é perder o controlo sobre si próprio e, a propósito disso, posso dar o exemplo do Ministro das Finanças do Japão que acabou por pedir a sua demissão devido à «triste figura» que fez numa importante conferência de imprensa.

Poderia também dizer a esse psiquiatra especialista que, se ele não conhece, existem técnicas psicoterapêuticas de dessensibilização, flooding ou saciação, reforço do comportamento incompatível, etc. que, em combinação com a hipnose e a imaginação orientada, são capazes de reduzir os sintomas
traumáticos. Contudo, são contrários ao uso de quaisquer «drogas».

Os instrumentos e as técnicas mencionadas servem para aprofundar, avivar e localizar selectivamente as memórias traumáticas do indivíduo e fazer com que o próprio consiga «descobrir» que os factos associados às mesmas tinham de acontecer e que não poderiam ser evitados. Isso, pode levá-lo a aceitar a realidade nua e crua e aprender a lidar com a mágoa e as contrariedades que tudo isso lhe provocou e continua a incomodar. O importante é «trabalhar» com a mente humana onde essas recordações traumáticas estão registadas e arquivadas. Nada disso se consegue sem a colaboração lúcida e interessada do próprio. Como será possível a colaboração lúcida do próprio se o seu pensamento ou capacidade de recordação for inutilizada com a administração da «droga maravilhosa»?

Na vida do quotidiano, não conseguimos fazer esse ajuste de percepções, emoções e situações quando
duas pessoas estão zangadas? Para que servem as negociações e os mediadores? Qual dos intervenientes necessita de se drogar ou alcoolizar para resolver as coisas?
A emoção de um mal-entendido ou de uma verdade desagradável pode ser reduzida ou minimizada depois de uma boa discussão e de um aclarar das ideias!
Sejamos práticos e deixemos de «engordar» a indústria farmacêutica consumindo fármacos desnecessários. Se alguém «ganha» com isso, não são os psicólogos e muito menos os «interessados» aos quais se chama muitas vezes, utentes, clientes ou pacientes. Os outros técnicos, que digam o que entenderem mas aos psicólogos compete dar o apoio possível dentro dos parâmetros da ciência do comportamento.
E, nesse aspecto, existem, seguramente, meios disponíveis, embora não tão rápidos e espectaculares mas precários, como os das «drogas». São, de certeza, mais eficazes, duradouros, fiáveis e mais do que experimentados em variadíssimas partes do mundo chamado «civilizado».

Em 2018, já existe na colecção da Biblioterapia o 18º livro «PSICOTERAPIA… através de LIVROS…» (R),
destinado a orientar os interessados para a leitura e consulta adequada de livros, desde que desejem enveredar por uma psicoterapia, acções de psicopedadogia, de interacção social e de desenvolvimento pessoal, autonomamente ou com pouca ajuda de especialistas.
  
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1 comentário:

Anónimo disse...

Oh Meu!
Já lemos alguns livros seus para além dos que menciona neste post.
Consultando melhor o seu blog, ficámos a saber que não faz hipnoterapia mas sim psicoterapia que se pode tornar barata e quase autónoma como já aconteceu com um seu amigo e uma vizinha dele.
Porque é que não diz como se faz em vez de esperar pela publicação dos livros com os casos?
Até um chinês já explicou no seu blog como poupar dinheiro. Viu a TV hoje?